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Comissão de Turismo da Alego promove oficina de capacitação para acessibilidade em parceria com guias


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O grupo de trabalho de inclusão de pessoas com deficiência no turismo goiano promoveu, na manhã desta terça-feira, 1º, por videoconferência, oficina de capacitação para acessibilidade. O evento foi promovido pela Comissão de Turismo do Legislativo de Goiás em parceria com guias de turismo de Goiás. O objetivo é, de forma objetiva, orientar os guias sob a perspectiva inclusiva do turismo. Fruto do encontro, uma dinâmica presencial será realizada com os guias de turismo, a fim de que os mesmos possam experimentar uma vivência semelhante à das pessoas com deficiência. Essa dinâmica acontecerá na sexta-feira, 4, na sede do Legislativo goiano.

O presidente da Comissão de Turismo da Alego, deputado Coronel Adailton (Progressistas), parabenizou os participantes pela disponibilidade a fim de atenderem às necessidades das pessoas com deficiência. “O objetivo é oferecer o melhor ao turista, de forma acessível”, pontuou o parlamentar, que à frente do colegiado, tomou como missão tornar o setor mais acessível em Goiás. 

Adailton salientou, ainda, a importância das parcerias junto ao poder público goiano e iniciativa privada e ainda junto às entidades representativas de pessoas com deficiência, a fim de promover um turismo mais acessível. Além da comissão, o deputado ressaltou o trabalho que tem sido realizado dentro da Casa, com foco na acessibilidade.  

Integraram o grupo de trabalho, Audier Gomes, assessor da presidência da Goiás Turismo; Maria Aparecida Siqueira, gerente estadual da Pessoa com Deficiência; Vera Balbino Rodrigues Machado, presidente da Associação de Mulheres Deficientes Auditivas e Surdas de Goiás; Vanuzia Oliveira, intérprete de Libras. 

O evento conta com os guias Larissa Santos, presidente do Sindicato dos Guias de Turismo de Goiás (Sindegtur) e gerente de Pesquisa e Qualificação Turística da Agência de Turismo, Eventos e Lazer de Goiânia (Agetul); Gutto Lemes, Guilherme  Torres, Elisa Chaves, Otávia  Barbosa, da Cidade de Goiás; Mauro Cruz, de Pirenópolis; além de servidores da Comissão de Turismo.

Ao fazer uso da palavra, Audier Gomes, que é deficiente visual, como representante da Goiás Turismo, relembrou que o grupo de trabalho é fruto de uma audiência pública que aconteceu na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), em dezembro passado, sugerida pelo presidente do órgão estadual, Fabrício Amaral. “Recebemos a missão e apresentamos no Legislativo como uma provocação para podermos trabalhar com os guias de turismo, a fim de criar um roteiro voltado para pessoas com deficiência”, relembrou. O intuito é pontuar as dificuldades de acessibilidade dos pontos turísticos de Goiânia para atender a esse público de forma específica, a fim que de possam desfrutar da melhor forma de um tour pela Capital. 

Audier explicou que a proposta da oficina é tratar os roteiros e guias para atenderem aos segmentos de pessoas com deficiência física, auditiva e visual. Durante sua explanação, apontou as principais características necessárias para começar a atender, por exemplo, um deficiente visual. Um ponto importante ressaltado por ele é observar se precisa de ajuda em determinado momento. “Perguntar: eu posso te ajudar. Ser solidário é muito importante. Mas é preciso saber como ajudar, para não colocar a vida da pessoa com deficiência em risco”, orientou o guia. 

Outro exemplo citado por ele, é a distinção correta entre direita e esquerda, auxiliar a pessoa para que entre em um ônibus com segurança, estabelecer a comunicação, a descrição bem feita é essencial, e deve se manter de forma equilibrada. “É fundamental seguir a orientação da pessoa com deficiência visual”, assinalou. “Diga sempre tudo o que está acontecendo ou o que vai acontecer. Ser pego de surpresa pode ser desastroso”, acentuou.  

Vera Balbino, com o auxílio da intérprete de Libras, Vanuzia Oliveira, salientou a importância do trabalho. Disse estar feliz com o convite para participar do grupo de trabalho. “O surdo perde muitas coisas no turismo. Aspectos importantes são deixados de lado”, disse. 

A representante da entidade ressaltou que as dificuldades para as pessoas surdas acontecem em diversas situações, como em lanchonetes e restaurantes fast food, onde a comunicação é verbal, além dos próprios ônibus para as rotinas diárias. “Falta muito para o surdo. É importante ter essa atenção especial”, afirmou em relação ao trabalho desenvolvido pelo colegiado. 

Em relação ao turismo, Vera ressaltou a necessidade de um maior empenho das pessoas que atendem turistas. “Acho importante que o guia tenha comunicação básica com o surdo. Além de uma maior participação em cursos, como estamos fazendo agora”, afirmou. Na opinião dela,”é muito importante o momento de discussões que abrem a mente. A comunidade surda agradece”, frisou. 

Já Vanuzia complementou que muitas vezes, mesmo com a presença de um intérprete, o surdo é colocado à margem. “Quando questionada, como aconteceu com a Vera, e mesmo com a dificuldade da comunicação por causa da transmissão on-line, é importante que ela possa responder”, ressaltou. 

Em sua contribuição, Cidinha Siqueira, com deficiência física desde a infância, realçou a importância do trabalho voltado à inclusão desenvolvido pela comissão. O objetivo é que, em um futuro muito breve, seja possível derrubar barreiras impostas. “Estamos rumo à acessibilidade plena. Em tornar os espaços onde caiba todo mundo. É necessário que todos que têm uma limitação, possam ser inseridos na sociedade”, assinalou.

Uma das orientações exemplificadas por Cidinha é da importância de que uma pessoa, ao acompanhar outra com dificuldade de locomoção, seja paciente e reduza o passo para que possa ser acompanhada. “Esquecem do caminhar mais lento”, considerou. Outra recomendação importante é o fato de jamais tirar bengalas, muletas, cadeiras de roda, órteses ou próteses para longe da pessoa. “A cadeira faz parte do nosso corpo. “A gente se sente desprotegido”, explicou.  

Cidinha também assinalou que “jamais deve-se tocar o ombro, o braço. A não ser em caso de ajudar, e antes perguntar, como posso te ajudar?”, ressaltou. Outro ponto que abordou é o fato de que ser carregada, oferece risco de vida, e é uma situação constrangedora. “A gente precisa mostrar que merece respeito, importantíssimo para a inclusão fazer valer. Muitas vezes as pessoas têm intenções boas, mas podem colocar nossa vida em risco”, disse.  

Ela também relembrou que, em caso de entrevistas, as mesmas precisam ser inclusivas. “É preciso que o repórter se coloque na minha altura visual, senão tenho de ficar olhando para cima, o que é ruim”, orientou. 

Por fim, a coordenadora promoveu uma dinâmica a fim de que os participantes do grupo de trabalho pudessem realizar um tour imaginário. “Vou colocar vocês no lugar da gente para perceber a dificuldade que a gente enfrenta”, assinalou. Durante os instantes da vivência, foi possível perceber os inúmeros desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência em suas atividades diárias, principalmente no transporte público e na locomoção pelas ruas da cidade, sem deixar de assinalar as dificuldades para que as mesmas possam visitar casas e edifícios residenciais de amigos. Na maioria das vezes, com inúmeras barreiras físicas, que tornam inacessível a entrada de uma pessoa com deficiência. 

“Temos que ser fortes o bastante para enfrentar as barreiras, o preconceito, e desamor”, enunciou. Na oportunidade, Cidinha também aproveitou para pontuar o processo psicológico pelo qual passa uma pessoa que se torna deficiente físico. Primeiro o choque, depois, a falta a consciência, na sequência, a expectativa de voltar a ter a vida como antes. Em seguida, vem a fase do luto. “É a mais difícil. É uma fase em que precisa do apoio da sociedade”, ressaltou ao lembrar a importância do apoio da família para enfrentar a própria deficiência, da qual realmente se deu conta na adolescência. 

Larissa ressaltou a importância do trabalho e da dinâmica para dar uma consciência real aos guias de como deve ser o tratamento dispensado às pessoas com deficiência. Já o guia Gutto Lemes assinalou a necessidade de respeito, atenção e educação para os guias, inclusive relembrou as dificuldades enfrentadas pelas pessoas idosas. “É importante a pessoa atentar para a necessidade de avançar. Todos têm que acordar”, concluiu.

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