InícioPOLÍCIA CIVIL DFOperação Último Suspiro desarticula organização criminosa especializada

Operação Último Suspiro desarticula organização criminosa especializada


Na manhã dessa quarta-feira (21), a Polícia Civil do DF, por intermédio da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (CORPATRI /PCDF) deflagrou a Operação Último Suspiro. Com efetivo de cerca de 150 policiais civis, foi dado cumprimento a 22 mandados judiciais, sendo cinco prisões preventivas, uma prisão temporária e 16 mandados de busca e apreensão (MBAs). A operação teve por objetivo desbaratar uma organização criminosa altamente especializada em furtos de airbags de veículos de alto padrão. Os equipamentos eram destinados a lojas de revenda de autopeças localizadas no setor H Norte, em Taguatinga.

O fenômeno de furto de airbags é novo. Há notícia do seu início em meados de 2018 na Europa e EUA. Criminosos do DF aparentemente perceberam esse lucrativo nicho e adotaram o método. Trabalho de inteligência da CORPATRI levantou, entre início de 2019 até a presente data, cerca de 130 ocorrências dessa espécie de crime no DF.

A partir do mapeamento de ocorrências, os agentes iniciaram um incessante trabalho investigativo que durou quase um ano. Dezenas de perícias foram feitas, mas nenhuma foi capaz de apontar os autores. Somente com o monitoramento dos receptadores (lojistas do setor de autopeças) que foi possível desvendar quem seriam os responsáveis por tantos furtos.

Dada o perigoso risco de deflagração das bolsas dos airbags durante a extração, a habilidade dos criminosos era espantosa. O modus operandi era sempre o mesmo: usando carros roubados clonados, estacionavam ao lado dos veículos escolhidos para serem furtados. Enquanto um dos ladrões ficava ao volante, o outro, pela janela traseira, quebrava o vidro do carro da vítima e adentrava por ela, sem sequer abrir a porta. Depois, já do lado de dentro, rapidamente efetuava a desconexão das bolsas dos airbags e retornava pela janela ao seu veículo, empreendendo fuga – tudo isso em poucos minutos de ação. Essa dinâmica se dava mesmo durante o dia e em estacionamentos movimentados. Eram tão habilidosos que ninguém percebia.

Além disso, os criminosos eram tão experientes que buscavam espalhar os furtos em diversas regiões do DF, evitando repetir locais em espaços curtos de tempo. O registro fragmentado desses furtos em Delegacias diferentes camuflava o fenômeno, que aparentava tratar-se de casos isolados. Apenas com o árduo levantamento de dados feito pela CORPATRI e a comparação do modus operandi que foi possível ter o real dimensionamento dos danos causados à sociedade do DF. Durante as investigações, os policiais acompanharam o registro de cerca de 79 furtos.

Os investigados possuíam dezenas de passagens criminais por furtos em interior de veículo, alguns deles atuando nessa área há mais de uma década. Nesse sentido, a cada prisão, aprendiam com seus erros, tornando-se profissionais quase incapturáveis.

Lojistas comparsas

Com as informações levantadas, foi possível estabelecer o vínculo entre os lojistas do setor H Norte – Taguatinga e os criminosos, ficando claro que a destinação dada aos airbags era o mercado paralelo. Embora seja expressamente vedada por lei a comercialização de airbags usados, inúmeras lojas oferecem o produto. Enquanto na concessionária a troca desse item sai por R$ 10.000,00, na “robauto” do setor H Norte, se encontra o mesmo airbag por R$ 1.500,00 – R$ 2.000,00.

A investigação atestou a existência de uma verdadeira indústria da pilhagem. Criminosos furtam os objetos que depois são colocados à venda em lojas sob um verniz de legalidade, enganando a população. Nesse contexto, dois lojistas (maiores receptadores) foram presos preventivamente, outras 13 lojas sofreram buscas e apreensão. Essa é a primeira grande operação no Brasil sobre o tema. Com a luz jogada sobre esse fenômeno, com certeza, as Polícias Judiciárias nos demais estados da federação também notarão essa nova modalidade de crime.
Registre-se que NÃO É a Polícia Civil a responsável pela fiscalização dessas lojas. Pela legislação, é o DETRAN que tem essa atribuição. Desde o ano passado, a partir da “Operação Rota da Seda”, quando se revelou o absoluto descontrole do setor de revenda de autopeças, que a PCDF tem buscado firmar acordo de cooperação técnica, que permitiria à Polícia Civil interditar as lojas ilegais.

A investigação foi capaz de imputar aos envolvidos dezenas de furtos qualificados. Além disso, os criminosos responderão por organização criminosa, receptação, lavagem de dinheiro e adulteração de sinal identificador dos carros usados para seu transporte. O somatório das penas pode alcançar patamar acima de 30 anos de reclusão. Tem-se a expectativa que essa tenha sido a última atuação desse grupo. Espera-se, por final, que a operação tenha efeito pedagógico sobre os demais. Vender airbags no DF não vale mais o risco. Quem insistir vai acabar na cadeia e perder todos os valores auferidos com a prática ilegal.

Assessoria de Comunicação/DGPC
#PCDFemAção
PCDF, excelência na investigação

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