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Não dá para nivelar por baixo, diz Nubank sobre contratações de minorias


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Brasil Econômico

Cristina Junqueira Nubank
Reprodução Roda Viva/TV Cultura

Cristina Junqueira, co-fundadora do banco, disse no Roda Viva desta segunda-feira (19) que Nubank aposta em capacitação para resolver problema

Na noite desta segunda-feira (19), a sócia brasileira do  Nubank, Cristina Junqueira, esteve no programa Roda Viva, da TV Cultura. Ela fundou o banco junto com dois outros empresários em 2013 – o colombiano David Velez e o norte-americano Edward Wible. Perguntada sobre a dificuldade em contratar pessoas de minorias para cargos chave no Nubank, Junqueira disse que “não dá para nivelar por baixo”, mas que o banco aposta em capacitação.

“Estamos procurando uma pessoa para ser nossa líder global de diversidade e inclusão. Já faz algum tempo, já faz algum tempo que a gente está buscando (candidatos para) várias posições. Inclusive, tem uma posição de vice-presidente de marketing para trabalhar comigo que já estou há bastante tempo procurando e é difícil. Eu acho que recrutar Nubank sempre foi difícil. O maior desafio do Nubank é gente. Não dá para nivelar por baixo “, disse Junqueira sobre a dificuldade de contratação de pessoas negras e de minorias raciais no Brasil.

“É por isso que a gente investe em formação. A gente criou um programa gratuito, chamdo ‘Diversidados’ em que a gente ensina ciência de dados para pessoas que querem entrar nisso e a gente vai capacitar essas pessoas. Não adianta a gente colocar alguém para dentro que não vai ter condição de trabalhar com as equipes que a gente tem, de se desenvolver, de avançar na sua carreira, depois não vai ser bem avaliado… Aí a gente não está resolvendo problema, está criando outro”, afirmou a co-fundadora do Nubank.

Junqueira disse que há um movimento de funcionários negros do Nubank, o “Nublacks” e que o banco digital aposta em capacitação e contratação visando a diversidade.

Sobre o racismo nos algoritmos, a empresária disse que o Nubank não mapeia dados raciais e nem de gênero dos usuários.

Pix e Nubank

Questionada sobre qual será o diferencial do Nubank após a criação do  Pix pelo Banco Central, Junqueira disse que o atendimento ao cliente continuará sendo o forte do banco digital.

“Ainda tem muito espaço para a gente se diferenciar (depois do Pix). Temos uma equipe de 100 pessoas trabalhando só em Pix há mais de um ano, começamos há dois anos. A nossa grande aposta é continuar se diferenciando pela experiência do cliente, não só pelo fato de não cobrar tarifa”, disse Junqueira, explicando que o banco não só não cobra anuidade como também não tem “taxas escondidas”, diferentemente dos bancos tradicionais.

“O  Pix  é um pouco da ‘Nubankarização’ do mercado, porque a gente nasceu com essa cabeça das coisas serem instantâneas, grátis, sem cobrar tarifa, funcionando o tempo todo, sete dias por semana… Agora temos uma regulamentação que obriga as instituições financeiras a funcionarem de maneira instantânea para transação”, afirmou a co-fundadora do Nubank.

A mudança de mentalidade da  poupança também é um diferencial em que o Nubank deve apostar.

“A ideia é oferecer soluções de investimento para os 30 milhões de clientes do Nubank. É um absurdo ter rentabilidade no patamar de juros que a gente tem hoje. A gente não se conforma com R$ 1 trilhão ainda na poupança. É muito dinheiro num instrumento que não te corrige nem a inflação. No poder de compra real, você está perdendo dinheiro “, disse Junqueira.

Mulheres no mercado financeiro

Sobre a presença feminina no ambiente de trabalho, Cristina Junqueira diz que o Nubank tem uma política de trabalho flexível e remoto, e que isso ajuda na igualdade de gênero na empresa. Assim, mulheres mães podem ajustar o horário e homens pais também podem aderir.

A co-fundadora do Nubank lembrou que a extensão da licença maternidade de 4 para 6 meses no Brasil é permitida pela lei, mas que, no país, apenas 40% das mulheres pedem esse direito. “No Nubank, essa taxa é de 93%”, comparou.

Ela falou também sobre a falta de referências femininas no mercado financeiro e que, para combater isso, mulheres têm de ser melhores profissionais que os homens.

“Em condições iguais, o mundo vai favorecer o homem. E o que eu falo é: ‘não esteja em condições iguais, seja melhor ‘. Eu não tenho tempo para o mundo se tornar igual para minha carreira avançar”, disse Junqueira sobre a desigualdade entre homens e mulheres no mercado.

Vazamento de dados de clientes do Nubank

Perguntada pela influenciadora Nath Finanças sobre o vazamento de dados de clientes do Nubank, Junqueira disse que o fato foi “um grande mal entendido”.

“Esse caso acho que foi um grande mal entendido. O que ficou exposto foi o que qualquer pessoa expõe na internet: ‘olha, meu CPF é tal, minha agência é tal, minha conta é tal…’, foi exatamente o que o buscador pegou”, minimizou Junqueira.

A empresária disse que segurança de dados está diretamente ligada a investimentos em teconologia pelas empresas, e que o Nubank está alinhado com as melhores práticas de tecnologia.

História do Nubank e Cristina Junqueira

O Nubank foi, em só sete anos, de 30 para 2,7 mil funcionários. No ano de 2018, atingiu a categoria de “unicórnio”, nome dado a startups com avaliação de mercado acima de 1 bilhão de dólares.

O foco do Nubank é a otimização de serviços financeiros, como o cartão de crédito internacional sem anuidade e gerenciado por aplicativo.

Cristina Junqueira é engenheira com graduação e mestrado pela Escola Politécnica da USP, Junqueira tem MBA pela Northwestern University (Kellogg School of Management), uma das melhores escolas de negócios dos Estados Unidos.

Antes de criar o Nubank, Junqueira trabalhou em consultorias, como The Boston Consulting Group, e em bancos como Unibanco e Itaú Unibanco. Ela foi a única brasileira a ser reconhecida na edição 2020 da lista Fortune 40 under 40, que aponta jovens líderes que transformam o mundo dos negócios.

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